Policial preso deu Rolex para dentista de famosos ir à festa de Neymar

Eduardo Mauricio Advocacia - Jornal Metropoles - Policial preso deu Rolex para dentista de famosos ir à festa de Neymar

Policial preso por elo com o Primeiro Comando da Capital mantinha contato com dentista dos famosos, segundo a Polícia Federal

Alfredo Henrique14/02/2025 08:13

São Paulo – Em conversa interceptada pela Polícia Federal (PF), o investigador Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, comenta que o dentista, conhecido como “dentista dos famosos”, havia pedido emprestado um relógio de ouro para ir a uma festa do jogador Neymar, no Qatar, em 2022 — quando o país foi sede da Copa do Mundo.

Rogerinho está preso, sob suspeita de ser um dos elos entre a banda podre da Polícia Civil de São Paulo e o Primeiro Comanda da Capital (PCC).

Como já mostrado pelo Metrópoles, ele também teria furtado relógios de luxo, incluindo um Rolex de ouro de Vinícius Gritzbach, delator do PCC assassinado com 10 tiros de fuzil, quando desembarcou no Aeroporto Internacional de São Paulo, na região metropolitana, em 8 de novembro passado.

Em troca de mensagens com a esposa, Danielle Bezerra dos Santos — viúva de um gerente do PCC, morto em 2019 –, Rogerinho afirma que havia se encontrado com o dentista dos famosos, após ligar para o policial.

“Ele me ligou ontem à noite [21 de novembro de 2022] quando cheguei em casa, pediu o relógio lá de ouro pra ele ir lá pro Qatar. A família do Neymar pagou tudo para ele, né, aí ele falou: ‘Eu vou com esse relógio [de ouro] que lá não tem perigo e ninguém rouba, e é pra chamar a atenção mesmo, porque lá é todo mundo rico, né”, diz trecho da conversa.

Ainda em troca de mensagens com a esposa, o policial disse que teria se encontrado com o dentista em uma padaria, na qual teriam comido uma pizza e onde o relógio de luxo teria sido entregue.

A proximidade entre o dentista dos famosos e o policial, ainda de acordo com relatório da PF, é comprovada em uma lista de amigos a serem convidados para a festa de aniversário de Rogerinho, na qual consta o nome do dentista.

Por meio dos advogados Eduardo Maurício e Silmara, o dentista afirmou que “nunca” manteve “nenhuma relação de proximidade ou amizade com Rogerinho […] muito menos em qualquer cenário ilegal e ilícito”.

A nota enviada ao Metrópoles, na tarde dessa quinta-feira (13/2), diz ainda que Rogerinho foi paciente “como diversos outros milhares de pacientes do Brasil e do estrangeiro”.

Sítio roubado de Grizbach

Em delação premiada feita ao Ministério Público de São Paulo (MPSP), em 16 de julho do ano passado, Vinícius Gritzbach afirmou que policiais civis “roubaram” dele, além de relógios de luxo, um sítio que o delator havia comprado do dentista.

A área rural, localizada em Biritiba Mirim, na Grande São Paulo, foi comprada pelo delator por R$ 1,5 milhão, como afirmado por ele a promotores do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

No entanto, Gritzbach ainda não havia passado o sítio para seu nome quando policiais do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) cumpriram mandado de busca e apreensão em um de seus imóveis, em fevereiro de 2022. Na ocasião, segundo a denúncia, os agentes recolheram a escritura da área rural, mas não relacionaram o documento na lista de itens apreendidos.

Rogerinho coagiu dentista

Com o documento em mãos, como consta na delação, o investigador Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, teria coagido o dentista para que ele transferisse o sítio diretamente a uma pessoa indicada por ele.

“O Rogerinho era, acho, tem algum elo de amizade com o dentista e falou que ele ia se prejudicar na lavagem de dinheiro […] Pra ele não ser ouvido [em depoimento] e ele não aparecer em nenhum inquérito, ele tinha que acertar lá [a transferência do sítio]”, afirmou Gritzbach ao Gaeco.

Em um áudio entregue por Gritzbach ao Gaeco, é possível ouvir o chefe de investigações Eduardo Monteiro, também do DHPP, afirmar que o sítio comprado pelo delator seria vendido e que era para o corretor pagar propina “para eles não roubarem [o imóvel]”. Monteiro está preso atualmente.

Gritzbach segue o depoimento afirmando que, após as ameaças, o imóvel foi negociado com uma terceira pessoa entre o dentista e os policiais. Assim, o sítio pago pelo delator foi registrado no nome de uma pessoa, não mencionada na investigação, indicada pelos policiais. Quem muniu o delator com essas informações teria sido o próprio Eduardo Monteiro.

Fonte: https://www.metropoles.com/sao-paulo/policial-preso-deu-rolex-para-dentista-de-famosos-ir-a-festa-de-neymar

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